15 setembro 2008

Solidão e mania de televisão


Casa vazia, luzes acesas só para dar a impressão. Cores e
vozes, conversa animada: é só a televisão.” (Gessinger, 1995).


O trecho desta canção fala sobre uma das maiores funções estabelecidas pelos usuários da televisão hoje: um objeto de companhia para o seu proprietário. O mesmo é descrito por José Marques de Melo em seu livro Tele Mania, Anestésico Social (1981).
Este fenômeno se dá em virtude deste meio ter surgido após a Segunda Guerra Mundial, quando se tornou popular e acessível. No Brasil, começou suas atividades na década de 50 e ganhou a função de difusora da cultura. Porém, as questões comerciais assumiram o comando desse veículo, que perdeu sua missão cultural.
As possibilidades oferecidas pela tv são atraentes: informação e entretenimento em um só meio que reúne voz, cor, imagem e ação. Essas propriedades causaram um grande interesse dos investidores e também do seu futuro público. Com isso, não tardou para que o desenvolvimento da tv estivesse diretamente ligado a atividades capitalistas promovidas pelos paises industrializados e desenvolvidos. Telemania- esse conceito é descrito pelo autor (1981:13) como “poderoso antídoto reivindicatório e ao mesmo tempo saudável fortificante consumista. Ou melhor, eficiente anestésico social, capaz de ressuscitar nas populações urbanas a incomensurável solidão com que outrora o feudalismo amesquinhava as populações rurais”.
A telemania não só cria uma identidade consumista, como também preenche o lar de famílias. Tv é sinônimo de distração, diversão e reproduz a idéia de companhia, especialmente quando ligada e não assistida de fato. Para Melo, o perigo desse sistema está na influência para as crianças. Os pais ocupados nas suas atividades profissionais, atribuem à tv a tarefa de babá eletrônica. Isso pode resultar na ausência de uma comunicação com retorno, além do questionamento se a tv contribui para o conhecimento positivo ou se apenas emburrece as crianças.
O costume de assistir esse veículo está ligado à solidão e, portanto, a tv age como companheira dos indivíduos cada vez mais sozinhos e que a utilizam como anestesia para suportar essa situação.
Pode se presumir que estes sujeitos que hoje usam a tv como parceria são as crianças que ontem tinham esse meio como babá eletrônica.



Desligue a tv e vá ler um livro?

5 comentários:

Misael Lima disse...

Eu chego em casa e ligo a tv pra não me sentir sozinho. Aí pego um livro, vou pro computador. Mas aquela voz me criou desde criança né???

¬¬

a tv perdeu a graça há muito tempo. salvam-se poucos programas. esperamos um post sobre o humor na tv...

Paula Puhl disse...

Gostei muito do blog e especialmente deste post. Vou te adicionar lá na academiaglitter!
Abraços

Mateus Trindade disse...

Depende de nós escolher a programação que nos convêm e saber a hora de desligar a tv e ler um livro. Admito que gosto de assistir tv, mas tento mesclar um pouco de programas interessantes com bobagens inventadas atualmente.

Anônimo disse...

Eu tb.. chego em casa e ligo a TV, só pra ter companhia...

Anônimo disse...

Não acredito que seja a voz que te criou, mas, se você avaliar a voz sempre esteve alí, e você conscientemente ou não sempre a escutou, só o fato de ela estar ligada já demonstra que você precisa dela,você se sente só, e você não é o único, e é nisso que a tv triunfa, em pessoas solitárias.
Já li uma frase que diz que pessoas felizes não assistem Tv, pessoas felizes saem com amigos, conversam, brincam, vivem sabe.
Sem bancar o discurso pompomso, este é fato, eu durante muito tempo deixava a tv ligada ao relente, me fazendo companhia ao lado do computador, o tempo passou e eu vi que ela precisava mais de mim do que eu dela.
Hoje estudo, e consigo ver as coisas de um angulo que a tv nunca vai mostrar, e agradeço por isso.